“Quando afinal vai chegar a nova era prometida há tanto tempo? E o mal, vem do homem ou da natureza? Penetrou no homem ou sempre esteve dentro dele? Mas então, o mal é o que fazemos ao mundo ou a nós mesmos?”

No espetáculo da ATO Cia.Cênica criado em 2019, Expresso Paraíso, um trem europeu desgovernado em um mundo congelado, em contraste com um incêndio em uma fábrica serve de metáfora para falar sobre a falência do projeto moderno humano e questionar a idealização de um estilo de vida europeu impossível de ser sustentado. O espetáculo estreou no dia 21 de maio, às 20h, dentro da programação do 14º Festival SESC Palco Giratório. Em março de 2019, é contemplado com o Prêmio Açorianos de Teatro 2019 em 2 categorias – Melhor Iluminação (Lu Tondo) e Melhor Trilha Sonora (Caio Amon) – tendo sido indicado em 9 categorias – Melhor Espetáculo, Melhor Direção (Mauricio Casiraghi), Melhor Atriz (Danuta Zaghetto), Melhor Atriz Coadjuvante (Mirna Spritzer), Melhor Atriz Coadjuvante (Mariana da Rosa), Melhor Ator (Rossendo Rodrigues), Melhor Ator Coadjuvante (Paulo Roberto Farias), Melhor Iluminação (Luciana Tondo) e Melhor Trilha Sonora (Caio Amon).

Fotografia: Adriana Marchiori

O texto do autor austríaco Thomas Köck, Paradies Spielen, propõe o choque entre dois universos: o de trabalhadores chineses que buscam melhores condições de vida na Itália, e um trem desgovernado, com passageiros europeus, que não para em nenhuma estação e corre em direção ao choque contra um muro. O cruzamento desses dois mundos coloca em cheque uma relação de interdependência entre aqueles que usufruem de um suposto paraíso, e aqueles marginalizados, que são explorados para que esse paraíso exista para alguns.

Fotografia: Adriana Marchiori

A montagem da ATO Cia.Cênica se utiliza da imagem do trem para falar sobre o capitalismo desenfreado e a noção de que o paraíso, ou seja, o estilo de vida representado no ideal ocidental europeu, está fora de controle e em decadência. Já o universo desses chineses suscita a reflexão sobre aqueles que sustentam esse paraíso, mas são impedidos de viver nele. O texto ainda propõe extremos climáticos: enquanto o trem de europeus vaga em um mundo congelado, os chineses encaram um incêndio na fábrica onde trabalham. Em Expresso Paraíso, o gelo em contraponto com o fogo é trabalhado a partir da perspectiva das polarizações e desigualdades do mundo moderno.

Fotografia: Adriana Marchiori


A encenação do espetáculo visa a aproximação do público brasileiro com texto, a fim de torná-lo acessível. Diferentes linguagens cênicas são utilizadas para dar vida a cada um dos núcleos levantados pelo autor. Os europeus são representados de uma forma estereotipada, investindo na construção de tipos e no humor como centro da cena. Já o núcleo de chineses é trabalhado em caráter épico, flertando com o distanciamento, a fim de provocar ruídos na compreensão da situação da migração e do trabalho escravo. A terceira camada de representação do trabalho adentra o mundo da poesia e busca tecer a trama por um viés sensorial. De forma imagética e valorizando o poder da palavra, estes momentos são apresentados para desdobrar temas que orbitam os núcleos centrais da peça, como a natureza do homem e o avanço tecnológico.

Fotografia: Adriana Marchiori

Sinopse

Com dramaturgia do austríaco Thomas Köck, Expresso Paraíso (paradies spielen) abordará a exaustão da modernidade ocidental representada por cinco viajantes europeus em um misterioso trem desgovernado. Ao mesmo tempo, um casal de imigrantes chineses, cheios de esperança, viajam para a Europa em busca do paraíso. Um filho ao lado do leito de seu pai moribundo, que sofreu queimaduras graves. O coração ainda bate, mas vale a pena lutar? Qual é o preço que se paga pelo paraíso?

Ficha técnica

Dramaturgia: Thomas Köck

Tradução: Christine Rohrig

Direção: Mauricio Casiraghi

Realização: ATO cia.cênica, Goethe Institut e Sesc-RS.

Elenco: Arlete Cunha, Danuta Zaghetto, Marcelo Mertins, Mariana Rosa, Mirna Spritzer, Paulo Roberto Farias e Rossendo Rodrigues

Atriz substituta: Iassanã Martins

Produção: André Varela, Danuta Zaghetto, Louise Pierosan e Maurício Casiraghi.

Iluminação: Luciana Tondo

Cenografia: Rodrigo Shalako

Trilha sonora: Caio Amon

Operação de som e vídeo: Manu Goulart

Figurino: Déh Dullius

Criação de objetos cênicos: Paulo Martins Fontes

Crítica interna: Michele Rolim

Assessoria de imprensa: Louise Pierosan

Projeto gráfico: André Varela

Hair Stylist: Jonathas Diniz

Redes Sociais: Maí Yandara de Souza Carvalho

Apoio: Cia/Estúdio Stravaganza, Viação Ouro e Prata, Cubo, Paragolé Bar e Restaurante, Guardachuvaria Contornos, TVE e FM Cultura

Recomendação Etária: Livre

Duração: 90 minutos